O folhetim “Independente” – considerações finais
Quem, como eu, viu a entrevista, terá certamente reparado em alguns pormenores que fazem desta novela uma história interminável e com requintes de muito má língua:
- O nosso PM começa por dizer que, ao contrário do que transpira na comunicação social, os seus estudos superiores nunca foram motivados pela simples obtenção de um grau! Mais adiante, justifica a sua transferência do ISEL para a UnI pela proximidade (não discuto pois um secretário de estado anda de transportes públicos e tem horários rígidos a cumprir), por ter horário pós-laboral, pelo prestígio da instituição (bem, o curso UnI tinha 2 anos de existência e nenhum alunos licenciado… o seu prestigio devia estar nos píncaros!) e, pasmem-se, pelo facto de na UnI conferirem o grau de Licenciatura e não uma Especialização, como acontecia à data no ISEL! (então Sr. Ministro, o grau conta ou não conta?!?!)
- O nosso PM recusou qualquer tipo de favorecimento na UnI, dizendo-se tratado como qualquer outro estudante do ensino superior. Nem sequer acha estranho que lhe sejam conferidas equivalências sem a apresentação prévia do respectivo certificado! Não estou com isto a dizer que não tivesse as cadeiras feitas, como veio a comprovar posteriormente, quero apenas chamar a atenção para a prática corrente das universidades (incluindo a UnI) que é (ou deve ser):
- Primeiro – receber o certificado e os conteúdos programáticos das cadeiras;
- Segundo – Submeter essa documentação à consideração do Concelho Cientifico;
- Terceiro – Tomar uma decisão sobre o processo de equivalências.
- O nosso PM referiu explicitamente que, do seu percurso académico de seis anos e meio, apenas um tinha decorrido no ensino superior privado, sendo esse ano (o de conclusão da licenciatura) que tem gerado toda a controvérsia. Esqueceu-se (só pode) dos 4 anos que esteve inscrito na Universidade Lusíada onde, apesar de nunca ter feito exames (que se saiba), esteve matriculado no curso de Direito. Não é crime estar matriculado na Lusíada, mas é um lapso de memória algo estranho quando se está a clarificar um percurso académico!
Da Uni, com as portas já fechadas veio a reacção: uma conferência de imprensa onde se prometem revelações bombásticas.
Foi claramente mais um golpe de teatro, com um adiamento pelo meio só para criar suspense e o gabinete do PM a tentar reagir através dos inspectores do Ministério da Ciência e do Ensino Superior, sacando o processo individual de Só Kartes das instalações da UnI.
E lá chegou a conferência de imprensa, às oito e em directo para todos os canais, onde se pariu, como era de esperar, mais um rato.
- A nova direcção da UnI declina qualquer responsabilidade sobre os desvarios ilícitos da anterior direcção (ninguém estava à espera)!
- Não apresenta qualquer elemento documental que os funcionários (à beira do desemprego)da sua secretaria não tenham já vendido à comunicação social!
- Quando seria até fácil justificar-se com um lapso administrativo, não foram capazes de comentar a existência de dois certificados de habilitações com datas diferentes, com base no facto de, imagine-se, não disporem desses elementos.
- Mas, a meu ver, o mais ridículo foi que o comunicado lido na conferência de imprensa referir apenas que o nosso PM concluiu a sua licenciatura em 1996, não referindo a data. Quando a própria universidade não tem certezas suficientes para indicar com clareza uma data, pondo uma pedra sobre o assunto, quem o poderá fazer?!?!
Concluo:
Está para mim à vista que o tipo (talvez aconselhado por alguém que também fez o mesmo) comprou o curso na UnI. O tratamento foi tão VIP que lhe davam equivalências e certificados como e quando os pedisse. É facto que a história já foi à tanto tempo que só resta, de concreto, uma enorme trapalhada administrativa.
Assim sendo, mude-se de assunto que este já cheira mal e só serve para parir ratos!
Posted by JooGoo
quinta-feira, abril 19, 2007
Etiquetas: Revista de Imprensa
1 Comment:
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- Capitão Merda said...
20 de abril de 2007 às 08:50O Sócrates é o maior!